quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cáritas Diocesana recebe visita   
Em visita a terra natal o Diacono permanente Sr. Miguel Jorge de Amorin Pinto, agente da Cáritas Regional Norte II, visitou o Centro Pastoral D. Martinho Lammer - Travessa Bom Jesus s/n, quando na ocasião em companhia da Francely Brandão agente da Cáritas  diocesana visitaram o lixão a céu aberto de Óbidos. Esta visita ao lixão se dar em virtude do sr. Miguel trabalhar com os catadores de material reciclável em Belém - Projeto CATAFORTE.
  

sexta-feira, 13 de abril de 2012



OBJETIVO

A Pastoral Social integra, junto com outros setores, a dimensão
sócio-transformadora da ação evangelizadora da Igreja no Brasil. A partir
da expressão acima, entende-se que o Objetivo Geral dessa dimensão
seja “contribuir, à luz da Palavra de Deus e da Diretrizes Gerais da CNBB,
para a transformação dos corações e das estruturas da sociedade em que
vivemos, em vista da construção de uma nova sociedade, o Reino de
Deus”. A Pastoral Social, por sua vez, tem como objetivo desenvolver
atividades concretas que viabilizem essa transformação em situações
específicas, tais como o mundo do trabalho, a realidade das ruas, o
campo da mobilidade humana, os presídios, as situações de
marginalização da mulher, dos trabalhadores rurais, dos pescadores,
assim por diante.
JUSTIFICATIVA
Convém precisar, de início, o sentido das seguintes expressões
que iremos utilizar daqui para a frente: Pastoral Social, Pastorais Sociais e
Setor Pastoral Social. Embora correlatas, elas têm significados distintos.
Entendemos por Pastoral Social, no singular, a solicitude de toda a Igreja
para com as questões sociais. Trata-se de uma sensibilidade que deve
estar presente em cada diocese, paróquia comunidade; em cada
dimensão, setor e pastoral; na catequese, na liturgia e nas iniciativas
ecumênicas; enfim, deve estar presente nas comunidades eclesiais de
base, nos movimentos... Em outras palavras, deve ser preocupação
inerente a toda ação evangelizadora. Pastorais Sociais, no plural, são
serviços específicos a categorias de pessoas e/ou situações também
específicas da realidade social.
A Pastoral Social é uma árvore que mergulha na terra suas raízes
profundas. Delas vem a seiva que alimenta sua espiritualidade. Ao longo
do caminho, a ação social abriu poços onde encontra a água viva que
sustenta sua caminhada. As Pastorais Específicas, que formam os ramos
dessa árvore, nutrem-se do alimento que vem do chão, sobe pelo tronco,
transfigura-se ao contato com a luz solar e reforça-lhe a mística
libertadora.
As Pastorais são as seguintes: Pastoral Operária, Pastoral do Povo
de Rua, Conselho Pastoral dos Pescadores, Pastoral dos Nômades,
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DIRETÓRIO PASTORAL
Pastoral da Mulher Marginalizada, Pastoral do Menor, Pastoral da Saúde,
Serviço Pastoral dos Migrantes, Pastoral Afro-brasileira, Pastoral
Carcerária, Comissão Pastoral da Terra, Pastoral da Sobriedade, Pastoral
da Pessoa Idosa e Setor da Pastoral da Mobilidade Humana.
Os organismos são: Cáritas Brasileira, IBRADES (Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Social), CERIS (Centro de Estatísticas
Religiosas e Investigações Sociais), Pastoral da Criança e CBJP (Comissão
Brasileira de Justiça e Paz).

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Aceleração do Crescimento X Amazônia (Ivo Poletto)

                                   Fraternidad e a Vida no Planeta

A Campanha da Fraternidade de 2011 levou a Prelazia de Óbidos a organizar um Seminário sobre mudanças climática que teve a participação de gente conceituada na exposição do tema. Uma dessas pessoas foi o assessor nacional da Cáritas e do Forum de mudanças climática e Justiça Social, Ivo Poletto. Sua reflexão foi profunda e, ao mesmo tempo, questionadora. Abaixo um pequeno resumo de suas ideias.

ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO OU DEFESA DA  AMAZÔNIA

Já estava preocupado antes, mas o que pude ouvir das quase duzentas pessoas que participaram do Seminário Mudanças Climáticas, promovido pela Prelazia de Óbidos me deixou preocupadíssimo. Mais do que isso: deu-me segurança para afirmar que os grandes projetos econômicos, incentivados a toque de caixa, pelo Programa de Aceleração do Crescimento na Amazônia, já estão, com certeza, acelerando o aprofundamento dos desequilíbrios socioambientais na região e a levarão a um desastre socioambiental incalculável.

Ao examinar, por enquanto em mapas, a quantidade de território amazônico que vai sendo e será coberto pelas águas das barragens, para produção de eletricidade; ao somar a ele a quantidade de áreas já ocupadas e desbravadas por mineradoras e as que estão em processo de concessão de alvará para pesquisa mineraria; ao somar, ainda, as áreas destinadas à pecuária e à soja do agronegócio; ao juntar essas informações, não restam dúvidas sobre essa parte e, talvez, sobre toda a Amazônia: se não houver oposição eficaz, ela será totalmente modificada e depredada, dentro de pouco tempo.

Quem assumirá as responsabilidades pelos efeitos desse processo sobre o aquecimento da região e de sua contribuição com o aquecimento global? Quem responderá as perguntas das próximas gerações, quando quiserem saber por que foram implementados esses grandes projetos, quando havia possibilidade de gerar energia, com fontes alternativas; quando já se devia diminuir a utilização de minérios; quando já existiam conhecimentos e possibilidades de produzir alimentos agroecológicos; quando já se sabia que o planeta exigia a diminuição do plantel de gado, por ser produtor de metano e ser grande consumidor de água e a fonte de alimentos ricos em proteínas?

Uma das grandes contradições do tempo em que vivemos é essa: a Terra, já em desequilíbrio, precisa que as atividades econômicas capitalistas diminuam seu ritmo, mas as empresas capitalistas, e muitos governos, teimam em aumentar o ritmo de “destruição produtiva”, visando um tipo de economia que exige lucros crescentes, juntamente com produção e consumo crescentes.

Esse conflito contraditório está absolutamente visível na Amazônia. Se os grandes projetos de exploração dos recursos da Amazônia – e praticamente só em benefício de grupos econômicos de fora do bioma -, forem executados, serão vazios e ineficazes, os compromissos anunciados pelo governo brasileiro e estarão fadadas ao fracasso, as políticas que anunciam objetivos de diminuição do desmatamento e de preservação da Amazônia. Se o governo quiser fazer algo sério, deverá partir de um fato já comprovado: não há possibilidade de acordo entre as necessidades e direitos da Amazônia e dos amazônidas e os interesses das grandes empresas capitalistas.

Por isso, os amazônidas que desejarem viver, junto com seus filhos e netos, nesse maravilhoso bioma, bem como as pessoas, igrejas, entidades e governos que desejarem salvar a Amazônia, como parte do que é absolutamente necessário para criar condições para que a Terra recupere seu equilíbrio em favor da vida, todos e todas, num grande mutirão cidadão, deverão lutar em favor de mudanças na visão e nas prioridades do governo federal e dos governos dos estados amazônicos.

Na verdade, todos e todas deveremos aceitar que precisamos enfrentar, criticamente, e mudar a civilização capitalista em que fomos criados, abrindo-nos para outras formas de produção, consumo; outras formas de convivência entre nós, com os demais seres vivos e com a Terra, mãe de toda a vida.
Os povos indígenas da nossa América nos propõem o bem viver como caminho alternativo. Seremos capazes de acolher esta proposta que vem dos que foram sempre considerados os últimos dos últimos e que foram condenados, durante cinco séculos, ao extermínio? Diversas religiões e o cristianismo nos avisam: é dos empobrecidos, como Jesus, que vêm boas notícias.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ONDE REPOUSA TEU CORAÇÃO?

ONDE REPOUSA TEU CORAÇÃO?



Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Um

Onde repousa teu coração? No sucesso do presente? Na beleza fugaz e efêmera? Na moda que se acende e apaga como a noite e o dia? Mas tudo isso não passam de fumaça passageira e enganosa. Sucessos e fracassos costumam se comportar como ondas alternadas: ora se levantam e se agigantam, ora se curvam e tombam, rebentando irremediavelmente sobre o chão. Ao mesmo tempo, alegram e logo entristecem. Confiar em sucesso é como caminhar sobre corda bamba. A qualquer escorregão, tudo vem abaixo. Verdadeiro show pirotécnico: sobe com profusão de cores, desenhos e brilho; mas, com a mesma rapidez se apaga e desce, convertendo tudo na mais densa escuridão. Quem vive do sucesso, oscila entre a euforia e a tristeza, sem conhecer o repouso do meio termo. Fogos de artifício: após a luz intensa e fugaz, resta um punhado de cinzas que o vento varre. Pó que desaparece ao menor sopro de uma brisa vespertina. O sucesso no presente não passa de uma fortaleza bem frágil, sempre ameaçada pelos imprevistos do futuro, ou pelas sombras do passado.

“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, diz a sabedoria do Eclesiastes. O sucesso ou o glamour, com seus revestimentos e cosméticos aparentes, multiplica palcos, cenários, platéias; nutre-se de câmeras e ação, holofotes e microfones; envolve personalidades e celebridades com uma aura aparentemente imortal. Porém, o público que ergue estátuas e as cultua é o mesmo que, cedo ou tarde, irá reduzi-las a ruínas e escombros. Aplausos e vaias se mesclam, se confundem e se sobrepõem com uma alternância espantosa. O exemplo do futebol bastaria para nos abrir os olhos. Heróis de belos dribles estonteantes e de alguns gols, facilmente se convertem em vilões de  inevitáveis tropeções. Nada é mais efêmero e volúvel do que os sentimentos e comportamentos de uma arquibancada compacta. A multidão da platéia “aplaude e pede bis”, como diz a canção; mas também, com o mesmo ímpeto, distribui palavrões e condena ao ostracismo. Vitórias e derrotas sucedem-se, frias e quentes, como as estações do ano. A embriaguez da fama, a exemplo de qualquer tipo de embriaguez, se dissolve numa noite de sono. Podem ser aplicadas aqui as palavras do salmista, embora se refiram a toda a vida humana: “Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva verde dos campos: de manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca” (Sl 89, 5-6). Coração que descansa sobre o sucesso, rumina e amarga o presságio do esquecimento.

Dois

Onde repousa teu coração? Sobre o dinheiro, a renda e a riqueza; sobre as contas bancárias e as propriedades adquiridas; sobre o brilho das jóias e os bens de luxo; sobre a posse de roupas, carros e equipamentos de última geração? Também aqui os fantasmas do medo rondam as portas e janelas das mansões e dos palácios, por mais herméticas e intransponíveis que elas sejam. Os mais sofisticados sistemas de segurança não conseguem eliminar o espectro da incerteza e da insegurança. Nenhum travesseiro traz tanta insônia quanto o capital acumulado. Todo o que se acumula sofre de duas enfermidades crônicas: apodrece e atrai os abutres. São os tesouros que a traça corrói e os ladrões podem carregar, como bem mostra a sabedoria de Jesus no Evangelho. E continua: onde está teu tesouro, aí está teu coração. Irrequieto e sobressaltado em proporção àquilo que tem que defender. Riquezas exigem armazéns; estes necessitam de guardas; e os guardas formam o olhar do proprietário. Como repousar diante dessa montanha de riquezas, tão oculta, guardada e silenciosa quanto aparentemente barulhenta e cobiçada?

As turbulências do mercado globalizado, o sobe-e-desce das bolsas de valores, a cotação do dólar, os preços dos produtos e a possibilidade de lucros sempre maiores... Tudo isso faz trepidar o colchão sobre o qual teu corpo esgotado busca repouso. São extremamente tênues e débeis os fios que costuram a rede da economia capitalista. Com a velocidade de um toque na tecla do computador, tudo pode se alterar. Fortunas de muitos zeros podem subir e declinar com a mesma rapidez. Não é tão raro que milionários e bilionários tenham de assistir, de um dia para a noite, à evaporação de seus ganhos. Bem diz Shakespeare em uma de suas peças: “tens preocupações em demasia com este mundo; perdem-no aqueles que o compram à custa do excesso de cuidados” (O Mercador de Veneza, Ato I, Cena 1).

Três

Onde repousa teu coração? Na compulsão do consumo, no acompanhamento dos últimos objetos da moda, na procura de objetos que preencham a sede e a fome que assalta a todo o ser humano? Mas todo esse esforço de busca não faz senão aumentar a própria sede e a fome. Neste caso, a matemática parece nos trair: quanto mais artefatos, bijuterias e bagatelas acumulamos, mais se aprofunda o vazio da própria existência. Cada vez mais as vitrines dos grandes centros comerciais – shopping centers – nos atraem e nos fascinam. Luzes, cores, variedades e disposição seduzem o consumidor inveterado. Mas a aquisição dos objetos nos frustra. A posse desfaz a magia. Somente desejamos o que ainda está longe de nossas mãos. Assim que as coisas se tornam nossas, como que perdem o valor que tanto nos atraía. O resultado é encher gavetas e mais gavetas de produtos que, com rapidez extraordinária, se convertem em lixo. Lixo antes mesmo de desfazer a embalagem, antes de chegar em casa! Tudo mexe com nossos desejos e tudo é igualmente descartável. Pulamos facilmente de um desejo a outro e, em consequência, nos empanturramos de bens supérfluos. O mais grave é que o desejo tem uma dinâmica crescente. De um objeto a outro, aumenta simultaneamente o grau de fascínio e de rejeição. Nenhum coração pode repousar sobre o verniz falso das mercadorias que, com um misto de sedução e indiferença se adquirem, se banalizam e se descartam.

Resulta desse processo uma insatisfação progressiva. Compramos para aliviar o desejo, mas este só faz crescer diante das coisas adquiridas. Voltamos à loja com sede redobrada atrás das últimas novidades. Nova compra e nova insatisfação. E assim o círculo vicioso vai se ampliando em espiral. Ficamos presos na ratoeira do consumo, pois sempre um produto ainda inusitado e, portanto, mais fortemente cobiçado. O marketing e a propaganda, com seus agentes de publicidade, se encarregam de manter girando essa roda do mercado. Criam necessidades sempre novas e, não raro, absolutamente dispensáveis. É o que se poderia chamar de globalização intensiva, que tem a função de manter vivo e ampliar o desejo dos que já estão incorporados ao mercado mundial. Paralelo a esse esforço, caminha a globalização extensiva, que, ao contrário, procura incorporar novos consumidores e novos territórios ao mercado global. Consolida-se dessa forma o crescimento compulsivo da economia capitalista, em detrimento do meio ambiente e da qualidade de vida em todas as suas formas, como nos alertam os cientistas, os movimentos sociais e, em especial os ambientalistas. A ordem é produzir, vender/comprar e consumir, numa velocidade tal que caímos no vórtice voraz de uma devastação planetária.

Quatro

Onde repousa teu coração? Sobre títulos, prestígio, nome e renome; sobre a proliferação de mestrados e doutorados, simbolizados no “canudo”; sobre o afã de galgar os degraus da sociedade assimétrica ou da hierarquia institucional; sobre o posto conquistado no mercado de trabalho, a cadeira cativa no campo legislativo ou o poder de influência no labirinto do executivo e do judiciário? Mas, tal como no caso do sucesso e insucesso, aqui também a gangorra não perdoa. O prestígio e a influência são tão voláteis quanto a fumaça ou as promessas de palanque. Pior ainda: raramente se livram do vírus da corrupção, do nepotismo, do abuso e do tráfico da força e de tantas outras bactérias que proliferam nos corredores muitas vezes infectos da política. Que coração pode repousar em meio às intrigas, disputas e ruídos das salas e salões das Câmeras e do Senado? No jogo de “posição e oposição”, vitórias e derrotas estão sempre á espreita. As batalhas se sucedem, os animas se exaltam, multiplicam-se os discursos prolixos...

E que resulta de todo este gasto de energia? Esquerda e direita de embaralham e se confundem de tal forma, que as fronteiras se quedam completamente borradas. A ética do bem comum dá lugar ao jogo de interesses, ao balcão de negócios ou à simples compra e venda de opiniões. Os partidos não passam de escadas para subir da planície ao planalto, do primeiro ao segundo andar. Escadas que se trocam e se abandonam como quem troca de roupa ou calçado. Canais, instrumentos e mecanismos de poder são manipulados de forma inescrupulosa, não de acordo com as necessidades básicas da população, e sim conforme as vantagens e desvantagens das classes dominantes, das elites históricas ou da “nova companheirada”. A noção de democracia se desgasta com práticas que pouco ou nada respeitam as exigências de uma efetiva decisão democrática, participativa. Daí que na área dos países ocidentais, frequentemente o conceito de democracia nada mais é do que o arcabouço legal do sistema de exploração capitalista de filosofia liberal/neoliberal. O jogo de fachada do exercício democrático – eleições, candidatos, urnas, votos, etc. – só faz reproduzir os privilégios históricos e estruturais dos moradores da casa Grande. A democracia ocidental surfa nas ondas superficiais da política, ou da politicagem, sem mergulhar seriamente nas correntes subterrâneas da economia.

Quinto

Onde repousa teu coração? Na astúcia e na malicia que se delicia em orquestrar a vingança? No entrelaçamento de sentimentos de rancor e ódio, cujo objetivo é urdir redes de intrigas e difamações? No terreno da inveja e do ciúme, que só faz crescer a cizânia no meio do trigo? Tramas dessa natureza costumam deixar o coração em efervescência e inquietude constante. Não há descanso possível! Bem sabemos que cada mentira necessita de uma série de outras para manter-se de pé. O mecanismo desencadeado pelo ressentimento cria uma teia de aranha tão inextrincável e labiríntica que facilmente caímos nas próprias armadilhas. “O feitiço se volta contra o feiticeiro”, insiste com razão o ditado popular. Quando entra em jogo não a luz e a verdade, mas a esperteza e a enganação, é preciso arquitetar mil maneiras para superar as “maracutaias” do adversário. Sim, as relações tornam-se ciladas de um inimigo contra o outro. O conflito se instala e impõe uma atenção redobrada. Inaugura-se uma espiral de violência crescente que só faz acirrar os ânimos. Coração que se lança nesse jogo de xadrez perde completamente o sossego. Vive aos sobressaltos: qualquer ruído, qualquer notícia, qualquer sombra toma as dimensões de um fantasma ameaçador.

Nem precisaria acrescentar que o rancor e o ódio, a discórdia e a vingança, a atitude de revanche e desamor comprometem seriamente a saúde física, mental e psíquica. O mesmo ocorre com o sentimento de culpa, fonte de não poucos distúrbios pessoais e relacionais. Quando a culpa e a mágoa se convertem numa espécie de sensação doentia, podemos imaginar reações inesperadas, que, em freqüentes e rápidas oscilações, vão facilmente da euforia à depressão. Boa parte das pessoas cultiva a mágoas e a culpas como verdadeiros bichinhos de estimação. Assim, em meio a um clima de alegria e festa, costumam surpreender seus acompanhantes, como um pássaro errante que precisa encontrar um galho onde efetuar um pouso de emergência, para sustentar o peso de seu fardo, muitas vezes falso e imaginário. Também neste caso, o coração permanece escravo de uma mente mórbida, que não se cansa de encontrar motivos para o pessimismo mais devastador. Em semelhante atmosfera, proliferam as palavras envenenadas, o silêncio ou mutimo constrangedor, as brigas cegas, mudas e surdas pelo poder, o prestígio, a influência.

Numerosos personagens da literatura constituem personificações exemplares da farsa e da astúcia, cuja função é minar o caminho dos demais. Nesse campo, destaca-se de forma notória o gênio de Shakespeare em criar figuras vivas e ativas que se esmeram em costurar intrigas com consequências quase sempre trágicas. As mais evidentes são, sem dúvida, Falstaff, Iago, Edmundo, Lady Macbeth. São seres de inteligência e imaginação extremamente aguçadas e perversas. Trazem ao palco os instintos, impulsos, paixões e interesses que cada um de nós procura esconder no canto mais escondido do coração. Desnudam as contradições e incongruências mais ocultas nas entranhas do ser humano. Para utilizar a linguagem de Freud, esses personagens shakesperianos, três séculos antes da criação da psicanálise, exibem nua e cruamente aquilo que o ego e o superego proíbem ao id de revelar. Se é verdade que Freud sistematiza em termos de conceitos as “ervas daninhas” que se abrigam no inconsciente, o dramaturgo inglês as põe em cena e as escancara na frente do público. Aliás, seu sucesso reside no fato de a platéia identificar-se tão prontamente com os sentimentos contraditórios trazidos ao centro do palco. Não descansa o coração de personagens como Iago, os demônios de Dostoievski ou o Fausto de Goethe. Vivem acorrentados à ratoeira que eles mesmos armaram.

Sexto

E então, onde repousa teu coração? Inevitável a referência a santo Agostinho: o coração humano debate-se irrequieto até que não descanse na Casa de Deus, de onde proveio. Também é inevitável acompanhar as palavras, passos e prática de Jesus. Nu, pobre, livre e alegre, caminha com leveza incrível em direção ao Reino de Deus. Experimentada a intimidade com o pai (Abba), em noites e noites de silêncio e escuta, relativiza bens, títulos, prestígio, poder, riqueza, fama, sucesso, apropria vida... Porque conhece o tesouro escondido, a pérola mais preciosa, a semente que cresce oculta na terra, como deixa transparecer em suas parábolas. A própria impotência e abandono, no alto da cruz, revela um novo poder, o poder infinito do amor, que é capaz de destruir a dialética perversa em que a violência gera mais violência. O perdão como resposta de Deus à agressão humana desfaz a dinâmica espiral da própria agressividade. Ou seja, a vingança de Deus se chama amor e perdão, misericórdia e compaixão. Vale também o exemplo de Saulo, o “judeu irrepreensível”, perseguidor dos cristãos, o qual considera toda sua formação como lixo diante do encontro com a Boa Nova de Jesus cristo, convertendo-se no apóstolo Paulo.

“Coração de gente é terra selvagem”, diz Riobaldo Tartarana, personagem de Grande Sertão – Veredas, de Guimarães Rosa. Desejos e temores, instintos e contradições, sonhos e lutas, perguntas e inquietações, medos e ameaças disputam palmo a palmo desse terreno incógnito. Como encontrar paz em meio a tantas paixões, incongruências buscas e interrogações sem resposta? Somente uma abertura ao mistério de Deus, colocando em suas mãos todas nossas “alegrias e esperanças, tristezas e angústias” pode trazer o repouso. Não se trata de transferir para o além a resolução dos problemas que nos afligem. A oração ou contemplação não modifica nossos problemas, modifica isto sim nossa maneira de encará-los. Por outro lado, a abertura ao mistério divino também nos abre ao mistério humano, à relação eu-tu, ao encontro consigo mesmo e a uma nova convivência com as coisas e com a natureza. Aqui permanece emblemática a figura do pobre de Assis, com seu Canto das Criaturas.

Aí sim, pode o coração repousar. Nada possuindo como próprio, nada tem a perder. Voltando uma vez mais a Santo Agostinho, o nada se torna tudo e o tudo, nada! A pessoa que não esta escrava de suas riquezas, títulos e prestígio pode tranquilamente dispensar fortalezas, guardas, sistemas de segurança. O travesseiro e o colchão se lhe tornam leves, o sono tranquilo e repousante. A transparência lhe dá asas. Os fantasmas e espectros do medo e da inquietação não lhe rondam a casa. Vejam os pássaros do céu e os lírios do campo que, sem qualquer esforço para semear ou armazenar, ganham suas roupas e alimentos da mão do próprio Deus. Se Ele assim os reveste e os nutre, que não fará com seus filhos e filhas, criados à sua imagem e semelhança? Por isso “não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas” (Mt 6, 24-34). Ou ainda: “Não se perturbe o vosso coração (...). Na casa de meu Pai há muitas moradas (...). Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo, 14, 1-21).
A IMPORTÂNCIA DE COMPREENDER OS PROBLEMAS DO POVO - Mao Tse-Tung 1930-1949



1.1. Prefácio ao inquérito no campo

Atualmente, a política do Partido no campo já não é a política da revolução agrária que praticou durante os dez anos de guerra civil; agora é a política da frente de unidade nacional anti-japonesa. O Partido inteiro deve executar as diretivas do Comitê Central de 7 de julho e 25 de dezembro de 1940, assim como as que dará o VII Congresso Nacional do Partido a se realizar em breve. O presente material tem a finalidade de ajudar os nossos camaradas a encontrar os métodos de estudo dos problemas que se lhes colocam.

Um grande número de camaradas, na hora atual, dedica-se ainda a um estilo de trabalho errado: abordam os problemas de uma maneira superficial, recusando-se a aprofundá-los; acontece mesmo, às vezes, que ignoram completamente o que se passa na base e, contudo, ocupam postos dirigentes. Aí está um perigo muito grave. Sem um conhecimento verdadeiramente concreto da situação real de todas as classes da sociedade chinesa não pode realmente haver boa direção.

Para conhecer uma situação, o único método consiste em fazer um inquérito sobre a sociedade e sobre a própria vida das diferentes classes da sociedade. Para os que ocupam postos dirigentes, o método fundamental que permite conhecer esta situação consiste em escolher, de acordo com um plano, um certo número de cidades e aldeias e, depois, obedecendo à concepção marxista fundamental - isto é - recorrendo à análise de classe - efetuar uma série de inquéritos minuciosos. Somente assim podemos adquirir os conhecimentos de base sobre os problemas da sociedade chinesa. Para isso, é preciso, em primeiro lugar, olhar para baixo e não planar sobre as nuvens. Todo aquele que não tiver nem o desejo nem a vontade de olhar para baixo nunca poderá, compreender qual é a verdadeira situação na China.

Em segundo lugar, é preciso organizar reuniões-inquérito. Observações superficiais e do tipo "comenta-se" nunca permitirão adquirir um pleno conhecimento dos fatos. O método das reuniões-inquérito é o mais simples e o mais facilmente realizável e, além disso, o que proporciona informações mais verdadeiras e seguras. Esse método foi-me extremamente proveitoso. É uma escola com a qual nenhuma universidade poderia rivalizar. É bom convidar para estas reuniões quadros experientes dos escalões médios e inferiores, ou simples pessoas que pertençam à população local.

No decurso do meu inquérito em cinco distritos de Hunan e em dois distritos da região de Tshingkanhchan, convidei quadros responsáveis dos escalões médios desses distritos; para me ajudar no meu inquérito no distrito de Siunwou, assim como um bacharel pobre, convidei um antigo presidente da Câmara de Comércio, que tinha aberto falência, e um pequeno funcionário desempregado, que em tempos dirigiu, na administração do distrito, o serviço de impostos. Todos me ensinaram muitas coisas que, até então, não tinha tido ocasião de ouvir. A pessoa que, pela primeira vez, me permitiu ter uma idéia completa sobre o estado lamentável das prisões chinesas foi um vigilante da prisão distrital que encontrei quando do meu inquérito no distrito de Henchan, província de Hunan. No decurso do inquérito no distrito de Hsingkouo e nos dois cantões de Tchang-Kang e Tsaihs, dirigi-me a camaradas que trabalhavam na escola do município e também a simples camponeses.

Todas essas pessoas - os quadros, os camponeses, o bacharel, o vigilante de prisão, o comerciante e o funcionário do serviço de impostos - foram para mim venerandos professores. Considerei-me aluno deles e, ao partir, testemunhei-lhes respeito, manifestei-Ihes a minha aplicação e tratei-os como camaradas. Doutro modo, eles não teriam querido perder tempo comigo e não teriam contado o que sabiam, ou, pelo menos, tudo.

É inútil convidar muita gente para essas reuniões: basta convidar uns cinco, no máximo sete ou oito pessoas. Para cada uma dessas reuniões, é preciso reservar todo o tempo necessário, preparar o questionário, anotarmos nós mesmos as respostas, ampliar o exame dos problemas com os interlocutores.

Por conseqüência, se não se está decidido a olhar para baixo, se não se tem sede de conhecimentos, se não se tem um desejo profundo de pôr de lado toda a arrogância e tornar-se um modesto aluno, não se poderá de todo em todo efetuar este trabalho, ou ele será mal feito. É preciso compreender que os verdadeiros heróis são as massas: quanto a nós, somos muitas vezes de uma ignorância risível. Se não se compreende isso, não se poderá sequer adquirir um mínimo de conhecimentos.

Repito que o objetivo principalmente visado com a publicação destes documentos de referência é o de mostrar qual o método a se utilizar para compreender a situação na base, e não o de fazer entrar na cabeça de camaradas estes documentos em si, com as conclusões que daí foram tiradas.

Duma maneira geral, a burguesia chinesa, não chegada à maturidade, não pode até aqui e nunca poderá fornecer um mínimo de informações sobre as condições da sociedade, como fizeram as burguesias da Europa, da América ou do Japão. É por isso que precisamos absolutamente recolher nós próprios estes materiais. Isso se refere em particular aos que estão empenhados num trabalho prático e que devem estar sempre a par das flutuações da situação; neste ponto, não podem os comunistas de país algum contar com qualquer coisa já preparada. É por isso que todos os que estão comprometidos com um trabalho prático devem estudar a situação na base.

Em relação aos que não estão familiarizados senão com a teoria e que ignoram a situação real, a prossecução de tais inquéritos é ainda mais necessária, pois de outro modo não poderão ligar e teoria à prática. "Quem não fez inquérito algum não tem direito de falar". Se bem que alguns tenham troçado desta frase, na qual eles viam a manifestação de um "empirismo estreito", continuo a não me arrepender deste propósito: não só não me arrependo como estou firmemente convencido de que, uma vez que não se inquiriu, não se pode pretender ter o direito de exprimir opiniões. Há muitos que, mal "põem o pé em terra", começam a discorrer, a proclamar a sua opinião, a criticar e a condenar tudo: na prática, todas essas pessoas, sem exceção, estão voltadas ao fracasso, porque os seus discursos, as suas críticas não são fundadas num inquérito minucioso e outra coisa não são senão palavreado de ignorantes.

O mal causado ao nosso Partido por esses "enviados imperiais" é incalculável. É certo o que se diz de que a prática se torna cega se a sua via não está iluminada pela teoria revolucionária. Ninguém pode ser taxado de "empirista estreito", exceto os práticos, cegos ou de vistas curtas, que não vêem em perspectivas. Agora, também, sinto a necessidade extrema de estudar em detalhe a situação da China e dos outros países; isto se deve ao fato de que os meus conhecimentos neste domínio ainda não são suficientes e não posso de maneira alguma afirmar que conheço tudo, de agora em diante, e que os outros não sabem nada. Com todos os camaradas do partido, aprender junto das massas e continuar a ser o seu modesto aluno: eis o meu desejo. (março 1941)

1.2. De onde vêm as idéias justas

De onde vêm as idéias justas? Caem do céu? Não. Elas só podem vir da prática social. E de três espécies de prática social: a luta pela produção, a luta de classes e a experimentação científica. A existência social dos homens determina a sua maneira de pensar. E as idéias justas que são próprias duma classe de vanguarda, tornam-se, assim que penetram as massas, uma força material capaz de transformar a sociedade e o mundo.

Comprometidos em lutas diversas no decurso de sua prática social, os homens adquirem uma rica experiência, que extraem tanto dos sucessos quanto das derrotas. Inumeráveis fenômenos do mundo objetivo são refletidos no cérebro pelo canal dos cinco órgãos dos sentidos: os órgãos da vista, do ouvido, do olfato, do gosto e do tato - assim se constitui no princípio, o conhecimento sensível. Quando estes dados sensíveis se acumulam em número suficiente, produz-se um salto pelo qual eles se transformam em conhecimento racional, quer dizer, em idéias.

Este é um processo do conhecimento. É o primeiro grau do processo geral do conhecimento, o degrau de passagem da matéria, que é objetiva, ao espírito, que é subjetivo, do ser ao pensamento. Neste grau, não está ainda provado que o espírito ou o pensamento (logo, também, as teorias, as políticas, os planos, os modos de ação tidos em vista), reflita corretamente as leis do mundo objetivo, não é ainda possível saber se é justo ou não.

Vem em seguida o segundo grau do processo do conhecimento, o grau de passagem do espírito à matéria, do pensamento ao ser; trata-se então de aplicar na prática social o conhecimento adquirido no decurso do primeiro grau, para ver se estas teorias política, planos, modos de ação etc. produzem os resultados esperados. Em geral, é justo o que vence, é falso o que fracassa, isto é verdade, sobretudo na luta dos homens contra a natureza. Na luta social, as forças que representam a classe de vanguarda sofrem por vezes revezes, não porque na relação de forças que se defrontam elas são, no momento, menos possantes que as forças da reação; daí ocorrem as derrotas provisórias, mas daquelas acabam sempre por triunfar.

Passando pelo caminho da prática, o conhecimento humano dá então um outro salto, de uma significação ainda mais importante que o precedente. Só, com efeito, este salto permite avaliar o valor do primeiro. quer dizer, assegurarmo-nos de que as idéias, teorias, planos, modos de ação etc., elaborados no decurso do processo de reflexão do mundo objetivo, são justos ou falsos: não já outra maneira de fazer a prova da verdade. Ora, se o proletariado procura conhecer o mundo, é para transformá-lo, não tendo nenhum outro objetivo. Para se completar o movimento que conduz a um conhecimento justo é preciso, com freqüência, repetir várias vezes o processo que consiste em passar da matéria ao espírito depois do espírito à matéria, quer dizer, da prática ao conhecimento, depois do conhecimento à prática.

Esta é a teoria marxista do conhecimento, a teoria materialista - dialética do conhecimento. Mas, entre os nossos camaradas, muitos não compreendem ainda esta teoria. Se se lhes pergunta de onde vêm as idéias, opiniões, política, métodos, planos, conclusões, de onde vêm os seus discursos intermináveis e os seus artigos prolixos, acham a pergunta estranha e não sabem responder. E estes saltos pelos quais a matéria se transforma em espírito e o espírito em matéria, fenômeno ordinário da vida quotidiana, permanecem igualmente incompreensíveis para eles.

É preciso, pois, ensinar aos nossos camaradas a teoria materialista-dialética do conhecimento, a fim de que eles saibam orientar-se nas suas idéias, fazer inquéritos e investigações e efetuar o balanço da sua experiência, possam sobrepor-se às dificuldades, evitar quanto possível cometer erros, fazer bem o respectivo trabalho, contribuir com todas as forças para edificar um grande e poderoso país socialista e, enfim, ajudar as massas oprimidas e exploradas do mundo, no sentido de cumprir o nobre dever internacionalista que nos incumbe.

1.3. A pesquisa

1.3.1. Sem pesquisa não há direito à palavra

Para falar de um referido problema é necessário antes fazer uma pesquisa sobre ele. Quem não tiver idéia, não tiver pesquisado sobre a natureza do problema, não pode ter direito à palavra para falar dele. Quando se ignora a fundo um problema, por não se haver pesquisado sobre o seu estado atual e suas causas, não se pode dizer nada a seu propósito, senão asneiras. E as asneiras, todo mundo sabe, não servem para resolver os problemas. O que há de injusto, portanto, em se privar do direito à palavra quem não pesquisou? Ora, muitos camaradas não sabem fazer outra coisa que não seja divagar, de olhos fechados: isto é uma vergonha para os comunistas! Como é que um comunista pode falar assim no ar, de olhos fechados? É inadmissível! Inadmissível! Fazei pesquisas! E não digam mais asneiras!

1.3.2. Pesquisar sobre um problema é começar a resolvê-Io

Não se consegue resolver um problema. Pois bem! Informemo-nos do seu estado atual e passado! Quando se tiver feito um inquérito aprofundado, saber-se-á como resolvê-Io. As conclusões tiram-se no fim do inquérito e não no seu começo. Só os néscios, isoladamente ou em grupos, sem terem feito quaisquer inquéritos, torturam o espírito para "encontrar uma solução", "descobrir uma idéia". Assinale-se que nenhuma boa solução, nenhuma idéia boa sairá daí. Por outras palavras, esses néscios não poderão chegar senão a uma má solução, a uma má idéia.

Não são raros os nossos inspetores, os nossos chefes partidários, os nossos quadros, recentemente instalados, que se deliciam, desde a sua chegada, em fazer declarações políticas, e se põem, a propósito de meras aparências por qualquer íntimo detalhe a censurar isso, a condenar aquilo, com gestos autoritários. Nada de mais detestável, verdadeiramente, do que é puramente subjetivo. Tais pessoas podem estar certas de estragar tudo, de perder o apoio das massas e de não resolver qualquer problema.

Numerosos são os dirigentes que apenas exalam suspiros em face dos problemas difíceis, sem poderem resolvê-las. Perdendo a paciência, eles pedem para ser transferidos, alegando que "não conseguem dar conta da sua tarefa por falta de capacidade". É esta a linguagem de um covarde! Mas mexam-se um pouco! Façam uma volta pelos setores e localidades que são da vossa competência e lancem como Confúcio que "fazia perguntas sobre tudo"! Por pouca capacidade que tenham saberão então resolver os problemas; pois, se é verdade que ao sair de casa tinham a cabeça vazia, o mesmo não acontecerá quando regressarem: o vosso cérebro estará munido de todos os materiais necessários para a solução dos problemas, que se acharão, assim, resolvidos.

É sempre necessário sair de casa? Não forçosamente. Pode-se convocar para uma reunião de informação, pessoas bem informadas, para nos conseguirmos reportar à origem daquilo a que se chamou um problema difícil e para nos esclarecermos sobre o seu estado atual, ser-nos-á então fácil resolver este problema difícil. O inquérito é comparável a uma longa gestação, e a solução de um problema, ao dia do parto. Inquirir sobre um problema é resolvê-lo.

1.3.3.Contra o culto do livro

Tudo o que está nos livros é justo, tal é, ainda hoje, o estado de espírito dos camponeses chineses, culturalmente atrasados, Mas, é surpreendente que nas discussões do Partido Comunista haja também pessoas que digam a propósito de tudo: "Mostra-nos isso no teu livro!" Quando dizemos que as diretrizes dos órgãos dirigentes superiores emanam dum "órgão dirigente superior", é porque o seu conteúdo corresponde às condições objetivas e subjetivas da luta e responde às suas necessidades. Executar cegamente as diretivas sem as discutir nem as examinar à luz das condições reais, eis o erro profundo da atitude formalista, ditada unicamente pela noção de "órgãos superiores". É precisamente por culpa deste formalismo que a linha e a tática do partido não puderam até agora penetrar profundamente nas massas.

Executar cegamente, e aparentemente sem nenhuma objeção, as diretivas dum órgão superior significa não as executar realmente, é mesmo a maneira mais hábil de se opor a elas e de sabotá-las. Igualmente nas ciências sociais, o método que consiste em estudar exclusivamente os livros é o mais perigoso possível, pode mesmo conduzir à contra-revolução. A melhor prova é que muitos comunistas chineses que, no seu estudo das ciências sociais, não largavam nunca os livros, tornaram-se, uns após os outros, contra-revolucionários. Nós dizemos que o marxismo é uma teoria justa; não porque Marx seja um "profeta", mas porque sua teoria provou "ser justa" na nossa prática, na nossa luta.

Nós temos necessidade do marxismo na nossa luta. Aceitando essa teoria, não temos na cabeça qualquer idéia formalista, ou mística, como se fosse a de um "profeta". Entre os que leram livros marxistas, muitos se tornaram renegados da revolução; e freqüentemente, operários iletrados são capazes de assimilar o marxismo. É preciso estudar os livros marxistas, mas sem esquecer-se de os referir à realidade do nosso país. Temos necessidade de livros, mas temos absolutamente que nos desembaraçar do culto que lhes votamos com desprezo pela realidade. Como desembaraçamo-nos desse culto? A única maneira é de fazer inquéritos sobre o estado real da situação.

1.3.4. A ausência de pesquisa sobre a realidade conduz a uma apreciação idealista da força de classe e a uma direção idealista do trabalho, o que conduz ao oportunismo ou ao golpismo.

Não acreditam nesta conclusão? Os fatos o obrigarão a isso. Tentem apreciar a situação política ou dirigir uma luta fora de todo o inquérito sobre a realidade, e verão se a vossa apreciação ou a vossa direção não são vãs e idealistas, e se esta maneira vã e idealista de fazer uma apreciação política ou de dirigir um trabalho não conduz aos erros oportunistas ou golpistas. Seguramente que ela conduz a tal. Não é que não se tenha tido o cuidado de preparar um plano antes de agir, mas não houver a preocupação de conhecer as condições reais da sociedade antes de elaborar o plano. Este modo de atuar encontra-se freqüentemente nas unidades de partidários do Exército Vermelho. Oficiais do gênero de “kuei” punem sem discernimento os seus homens, mal os descobrem em falta. O resultado é que os culpados se queixam, seguem-se discussões e os dirigentes perdem todo o prestígio. Não se passaram muitas vezes, coisas destas no Exército Vermelho?

É desembaraçando-nos do idealismo, evitando qualquer erro oportunista ou golpista, que nós podemos conquistar as massas e vencer o inimigo. E para nos desembaraçar do idealismo, temos de nos esforçar por fazer do inquéritos sobre a realidade.

1.3.5. A pesquisa sobre as condições sociais e econômicas têm por fim chegar a uma justa apreciação das forças de classe e definir, em seguida, uma justa tática de luta

Tal é nossa resposta à pergunta: qual é o objetivo do inquérito sobre as condições sociais e econômicas? O que constitui o objeto do nosso inquérito são, pois, as diferentes classes sociais e não fenômenos sociais fragmentários. Desde algum tempo, os camaradas do IV Corpo do Exército Vermelho dedicam, em geral, sua atenção ao trabalho de inquérito, mas o método de muitos deles é errado. Os resultados de seus inquéritos assemelham-se às contas de um merceeiro, lembram aquela quantidade de histórias sensacionais que um camponês ouviu contar numa cidade populosa observada, de longe, de cima de uma montanha.

Tal inquérito não tem nenhuma utilidade e não nos permite atingir o nosso objetivo principal que é o de conhecer a situação política e econômica das diferentes classes da sociedade. O nosso inquérito deve poder dar a nós, em conclusão, um quadro da situação atual de cada classe, assim como dos altos e dos baixos que elas tiveram no passado. Por exemplo, quando nós fazemos o inquérito sobre a composição do campesinato, não nos devemos informar apenas sobre o número de camponeses pobres, dos camponeses semi-proprietários e dos rendeiros, que se distinguem um dos outros através da locação das terras. Nós devemos, sobretudo, conhecer o número de camponeses ricos, dos camponeses médios e dos camponeses pobres, que se distinguem pelas diferenças de classes ou de camada social.

Quando procedemos a um inquérito sobre a composição dos comerciantes, não devemos unicamente conhecer o número das pessoas repartidas pelo comércio de cereais, ou da confecção ou das plantas medicinais etc. Temos, sobretudo, de inquirir sobre o número dos pequenos comerciantes, dos comerciantes médios e dos grandes comerciantes. Nós devemos inquirir, não apenas sobre a situação de cada profissão ou estado, mas ainda e, sobretudo, sobre a sua composição de classe.

Nós devemos inquirir, não só sobre as relações entre os diferentes estados, mas, antes de tudo sobre as relações entre as diferentes classes. O nosso principal método de investigação é o de dissecar as diferentes classes sociais. O nosso objetivo final é o de conhecer a suas relações mútuas para chegar a uma justa apreciação das forças de classe e de definir, em seguida, uma tática justa para nossa luta, determinando quais são as classes que constituem as nossas forças principais na luta revolucionária, quais são as que devemos conquistar como aliadas e quais são as que temos de derrubar? Eis todo o nosso objetivo.

Quais são as classes sociais que devemos constituir como objetivo de inquérito. São: o proletariado industrial, os operários artesanais, os assalariados agrícolas, os camponeses pobres, os indigentes das cidades, o lumpemproletariado, os proprietários de empresas artesanais, os pequenos comerciantes, os camponeses médios, os camponeses ricos, os proprietários de terras, a burguesia comercial, a burguesia industrial.

No decorrer do nosso inquérito, devemos centrar a nossa atenção sobre a condição de todas estas classes (ou camadas sociais). Na região, onde trabalhávamos, só falta o proletariado industrial e a burguesia industrial, o resto é familiar. A nossa tática de luta é precisamente a que adotamos em relação a todas estas classes e camadas sociais.

Temos tido, no nosso trabalho de inquérito, outra insuficiência grave: temos nos preocupado com as regiões rurais em detrimento das cidades, de forma que numerosos camaradas têm tido sempre uma idéia bastante vaga sobre a tática a se adotar em face dos indigentes das cidades e da burguesia comercial. No desenvolvimento, a luta fez-nos abandonar a montanha em proveito da planície; fisicamente, descemos há muito das montanhas, mas mentalmente continuamos lá. Temos de conhecer a cidade tão bem como a montanha; de outra forma, não poderemos responder às necessidades da revolução.

1.3.6. A vitória da luta revolucionária na China depende do conhecimento que os camaradas chineses têm da situação do seu país.

O objetivo de nossa luta é de passar da democracia ao socialismo. Nesta tarefa, a primeira coisa a fazer é levar até o fim a revolução democrática, conquistando a maioria da classe operária e sublevando as massas camponesas e os indigentes das cidades para derrubar a classe dos proprietários de terra, o imperialismo e o regime do Kuomintang. Depois, com o desenvolvimento desta luta teremos de realizar a revolução socialista. O cumprimento desta grande tarefa revolucionária não é coisa simples e fácil; depende inteiramente da justeza e da fineza da tática de luta empregada pelo partido proletário.

Se esta tática for errada ou hesitante, a revolução sofrerá inevitavelmente uma derrota temporária. Compenetremo-nos bem de que os partidos burgueses, eles também, discutem todos os dias a sua tática de luta; trata-se, para eles, de saber como propagar as idéias reformistas nas fileiras da classe operária para enganá-la e subtrair dela a direção do partido comunista, como ganhar para si os camponeses ricos para liquidar as insurreições dos camponeses pobres e como organizar o lumpemproletariado para reprimir a revolução etc. Quando a luta de classes se tornar, cada vez mais encarniçada, e tomar a forma de um corpo-a-corpo, o proletariado deve contar inteiramente, para a sua vitória, com a justeza e a firmeza da tática de luta do seu partido, o partido comunista.

Uma tática de luta do partido comunista que seja tão justa quanto firme não poderia ser elaborada por algumas pessoas, fechadas entre quatro paredes; ela só pode vir das lutas de massas, que dizer, da experiência política. Eis por que temos de estar constantemente a par do estado da sociedade e fazer inquéritos sobre a realidade. Os camaradas que têm espírito entorpecido, conservador, formalista e indevidamente otimista, acham que a tática de luta adotada hoje é a melhor possível. Que os "livros" publicados pelo VI Congresso e o partido comunista garantem, para sempre, a nossa vitória e que basta conformar-se com as decisões tomadas para vencer por toda a parte.

Esta maneira de ver é totalmente falsa, ela é incompatível com a idéia de que os comunistas criam, através da luta, situações novas; ela representa unicamente uma linha puramente conservadora. Se não for totalmente rejeitada, esta linha conservadora causará um grande mal à revolução e prejudicará aqueles mesmos camaradas. De toda a evidência, certos camaradas do Exército Vermelho estão muito felizes por ficar onde estão, não procuram conhecer o fundo das coisas, são de um otimismo falso e propagam esta idéia falsa: "isto é o proletariado". Não fazem senão comer e beber todo o dia e passam o tempo a dormitar nos seus escritórios, sem querer jamais pôr o pé na sociedade, entre as massas, para fazer um inquérito. Quando se dirigem às pessoas, é sempre a mesma lenga-Ienga enfadonha.

Para despertar os nossos camaradas, temos de lhes gritar: Desembaracem-se rapidamente do vosso espírito conservador! Substituam-no por um espírito de iniciativa, progressista e comunista! Lutem! Vão às massas e façam pesquisas sobre a realidade!

1.3.7.A prática da pesquisa

a) Organizar reuniões de informação e proceder a pesquisas por intermédio da discussão

Só esta maneira de agir permite nos aproximarmos da realidade e tirar conclusões. Ater-se unicamente à apreciação que faz cada um da sua própria experiência, sem fazer reuniões, nem levar a cabo um inquérito através da discussão, é um método sujeito ao erro. E o que consiste em fazer a reunião? Somente algumas perguntas ao acaso, sem levantar os problemas essenciais, não permitem tirar conclusões mais ou menos exatas.

b) Quem deve assistir à reunião de informação?

Aqueles que conhecem perfeitamente a situação social e econômica - do ponto de vista da idade, as pessoas idosas são preferíveis, porque elas têm uma rica experiência e conhecem, não apenas o estado atual das coisas, mas também as suas causas e efeitos. Os jovens que tenham experiência de luta devem ser também numerosos, porque têm idéias progressistas e um sentido agudo da observação. Do pomo de vista do estado, pode-se fazer vir operários, camponeses, comerciantes, intelectuais, por vezes soldados e mesmo vagabundos. Naturalmente, quando o inquérito incide em um assunto bem determinado, não é necessária a presença de pessoas estranhas à questão; assim, operários, camponeses e estudantes não têm necessidade de estar presentes quando se trata de um inquérito sobre o comércio.

c) Que é preferível: uma grande ou uma pequena reunião de informação?

Isso depende da capacidade do pesquisador para conduzir a reunião. Para um pesquisador capaz, o número dos participantes pode ultrapassar uma dezena, ou mesmo uma vintena. Uma reunião numerosa tem as suas vantagens: ela permite estabelecer uma estatística relativamente exata (por exemplo, quando se quer saber se a distribuição igual das terras é preferível à sua distribuição diferenciada). Naturalmente, uma reunião numerosa apresenta, igualmente, inconvenientes: aquele que não sabe conduzi-Ia bem não consegue manter a ordem; assim, o número dos participantes depende da competência do pesquisador. De qualquer maneira, uma reunião tem de ter pelo menos três pessoas sendo que as informações seriam demasiado limitadas para refletirem.

d) Estabelecer um plano de questionário.

É preciso ter um plano preparado. O pesquisador fará perguntas seguindo a ordem prevista por este plano e os participantes responder-lhe-ão de viva voz. Os pontos obscuros ou duvidosos serão submetidos ao debate. O plano do inquérito deve comportar capítulos e sub-capítulos; por exemplo, no capítulo "comércio", os tecidos, os cereais, os artigos diversos, as plantas medicinais constituem subcapítulos, e os subcapítulos "tecidos" subdivide-se, por sua vez em panos de algodão, tecidos de fabricação local, sedas, etc.

e) Participar pessoalmente no inquérito

Os que ocupam um posto dirigente, desde o presidente do governo municipal até o presidente do governo central, desde o chefe de destacamento até o comandante-em-chefe, desde o secretário de cédula até o secretário geral do partido, têm de, sem exceção, pesquisar pessoalmente acerca da realidade econômica e social. Não devem se fiar unicamente nos relatórios escritos, porque uma coisa é pesquisar pessoalmente, outra coisa é ler relatórios.

f) Aprofundar a matéria antes

Todos os que se iniciam no trabalho de pesquisar devem se preparar com um ou dois inquéritos aprofundados, anteriores, para terem mais conhecimento e prática do tipo de pesquisa que vão fazer. E conhecer os temas que serão tratados na pesquisa, como a situação da aldeia, da cidade ou as questões sobre cereais, renda etc. O conhecimento profundo dum lugar ou duma questão permitir-lhes-á orientarem-se mais facilmente nos questionários posteriores sobre outros lugares ou outras questões.

g) Tomar notas

O pesquisador deve, não só presidir ele próprio a reunião de informação e dirigi-Ia convenientemente, mas ainda tomar notas a fim de registrar os resultados do seu inquérito. Não deve confiar este trabalho a outros.
                                               Fraternidad e a Vida no Planeta



A Campanha da Fraternidade de 2011 levou a Prelazia de Óbidos a organizar um Seminário sobre mudanças climática que teve a participação de gente conceituada na exposição do tema. Uma dessas pessoas foi o assessor nacional da Cáritas e do Forum de mudanças climática e Justiça Social, Ivo Poletto. Sua reflexão foi profunda e, ao mesmo tempo, questionadora. Abaixo um pequeno resumo de suas ideias.



ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO OU DEFESA DA  AMAZÔNIA



Já estava preocupado antes, mas o que pude ouvir das quase duzentas pessoas que participaram do Seminário Mudanças Climáticas, promovido pela Prelazia de Óbidos me deixou preocupadíssimo. Mais do que isso: deu-me segurança para afirmar que os grandes projetos econômicos, incentivados a toque de caixa, pelo Programa de Aceleração do Crescimento na Amazônia, já estão, com certeza, acelerando o aprofundamento dos desequilíbrios socioambientais na região e a levarão a um desastre socioambiental incalculável.



Ao examinar, por enquanto em mapas, a quantidade de território amazônico que vai sendo e será coberto pelas águas das barragens, para produção de eletricidade; ao somar a ele a quantidade de áreas já ocupadas e desbravadas por mineradoras e as que estão em processo de concessão de alvará para pesquisa mineraria; ao somar, ainda, as áreas destinadas à pecuária e à soja do agronegócio; ao juntar essas informações, não restam dúvidas sobre essa parte e, talvez, sobre toda a Amazônia: se não houver oposição eficaz, ela será totalmente modificada e depredada, dentro de pouco tempo.



Quem assumirá as responsabilidades pelos efeitos desse processo sobre o aquecimento da região e de sua contribuição com o aquecimento global? Quem responderá as perguntas das próximas gerações, quando quiserem saber por que foram implementados esses grandes projetos, quando havia possibilidade de gerar energia, com fontes alternativas; quando já se devia diminuir a utilização de minérios; quando já existiam conhecimentos e possibilidades de produzir alimentos agroecológicos; quando já se sabia que o planeta exigia a diminuição do plantel de gado, por ser produtor de metano e ser grande consumidor de água e a fonte de alimentos ricos em proteínas?



Uma das grandes contradições do tempo em que vivemos é essa: a Terra, já em desequilíbrio, precisa que as atividades econômicas capitalistas diminuam seu ritmo, mas as empresas capitalistas, e muitos governos, teimam em aumentar o ritmo de “destruição produtiva”, visando um tipo de economia que exige lucros crescentes, juntamente com produção e consumo crescentes.



Esse conflito contraditório está absolutamente visível na Amazônia. Se os grandes projetos de exploração dos recursos da Amazônia – e praticamente só em benefício de grupos econômicos de fora do bioma -, forem executados, serão vazios e ineficazes, os compromissos anunciados pelo governo brasileiro e estarão fadadas ao fracasso, as políticas que anunciam objetivos de diminuição do desmatamento e de preservação da Amazônia. Se o governo quiser fazer algo sério, deverá partir de um fato já comprovado: não há possibilidade de acordo entre as necessidades e direitos da Amazônia e dos amazônidas e os interesses das grandes empresas capitalistas.



Por isso, os amazônidas que desejarem viver, junto com seus filhos e netos, nesse maravilhoso bioma, bem como as pessoas, igrejas, entidades e governos que desejarem salvar a Amazônia, como parte do que é absolutamente necessário para criar condições para que a Terra recupere seu equilíbrio em favor da vida, todos e todas, num grande mutirão cidadão, deverão lutar em favor de mudanças na visão e nas prioridades do governo federal e dos governos dos estados amazônicos.



Na verdade, todos e todas deveremos aceitar, que precisamos enfrentar, criticamente, e mudar a civilização capitalista em que fomos criados, abrindo-nos para outras formas de produção, consumo; outras formas de convivência entre nós, com os demais seres vivos e com a Terra, mãe de toda a vida.

Os povos indígenas da nossa América nos propõem o bem viver como caminho alternativo. Seremos capazes de acolher esta proposta que vem dos que foram sempre considerados os últimos dos últimos e que foram condenados, durante cinco séculos, ao extermínio? Diversas religiões e o cristianismo nos avisam: é dos empobrecidos, como Jesus, que vêm boas notícias.